Trabalhe como quem Festeja
Somos seres celebrativos e precisamos nos lembrar sempre - News #004
“Não se faz festa porque a vida é mole, mas pela razão inversa.”
— Luiz Antonio Simas
A gente não celebra porque está tudo bem; a gente celebra pra não esquecer que conseguiu, apesar de tudo. E no trabalho, parece que esquecemos disso.
Entregas são feitas, metas são batidas e a gente passa direto pro próximo item da lista, sem pausa, sem aplauso, sem bolo. A pressa engole o parabéns, o obrigado é esquecido e a alegria fica para depois, um depois que nem sempre chega.
Para algumas pessoas parece que celebrar é perda de tempo. Uma distração do que realmente importa. E assim, nos ambientes supostamente mais sérios e eficientes, os rituais de comemoração são deixados de lado.
Só que quando a gente não celebra, fica parecendo que não foi importante, que aquilo não era tão valioso assim.
É curioso perceber que as mesmas empresas que se dizem tão preocupadas com o engajamento de seus funcionários, frequentemente se esquecem de que engajar pessoas é uma mistura de vários ingredientes e que o tempero dessa fórmula também tem a ver com a alegria. E sabe com que mais tem a ver? Com a manutenção da nossa Saúde Mental.
Como manter uma pessoa engajada quando nenhuma conquista vira memória boa e quando todo esforço se transforma apenas em mais esforço?
Uma vez trabalhei em uma empresa que a galera brincava: “toda proatividade será punida”. A gente dava risada porque era isso, quem entregava mais ganhava, como prêmio, ainda mais trabalho.
Celebrar marca o que passou, dá nome ao que foi vivido, transforma a correria do dia a dia em algo que faz sentido. É onde mora aquele “caramba, olha o que a gente fez”. Sem isso, parece que nossa humanidade vai escorrendo pelas frestas da falta de imaginação.
Sem celebração o trabalho esfria. Vira aquele lugar onde nada nunca é suficiente, onde todo mundo já está no piloto automático e as pessoas se sentem anestesiadas.
Na cultura brasileira, a festa nunca foi supérflua, ela sempre fez parte da estrutura social. A gente faz chá revelação, solta fogos em inauguração de ponte, faz festa pra esperar o rio sangrar depois de uma seca.
Ignorar nossa natureza festiva e não aproveitar isso no ambiente de trabalho é perder uma grande chance de atingir a tal gestão humanizada.
Celebrar não precisa ser um mega evento e não se reduz apenas a festa da firma. Dá pra começar com pequenos rituais: um encontro de agradecimento pelo encerramento de um projeto, uma roda de “o que a gente aprendeu”, um espaço fixo visual de troca de bilhetes pra valorizar o esforço, a colaboração e o improviso. É nesses gestos do dia a dia, que o trabalho vira convivência e é aí que o time deixa de ser só um grupo que cumpre tarefas e começa a funcionar como gente que caminha junto.
Celebrar é um jeito de dizer: “passamos por isso juntos”. E quando o time cria seus próprios rituais, o vínculo se fortalece e nossa Saúde Mental agradece.
Off: Festa Junina, samba, pagode no fim do expediente, incorporar o que já é nosso também pode fazer parte da cultura organizacional.
Nem sempre a gente necessita de um novo processo, um novo método ou uma nova sigla. Tem dias que reforçar nossa humanidade e lembrar que trabalhar junto pode ser um pouco mais divertido, é tudo que estamos precisando.
Incentivar rituais de celebração é subversivo.
Sugestões práticas:
• Rituais de encerramento: ao final de cada mês, crie um momento breve de troca. Pode ser uma roda informal, uma call curta ou uma troca de bilhetes em um quadro no MIRO.
• Agradecimento em voz alta: nomeie o esforço das pessoas. Reconheça o que foi feito com sinceridade e traga exemplos de quando elas arrasaram!
• Agenda com pausas comemorativas: marque datas simbólicas. Fim de trimestre, aniversário do time, chegada de alguém novo, são todas oportunidades de celebração.
• Aposte no que já é da casa: festa junina, almoço coletivo, playlists colaborativas, memes internos. Não precisa criar do zero: valorize o que já engaja naturalmente.
• Valorize o improviso: quando um gesto espontâneo funciona, transforme em ritual. A cultura nasce do que se repete com sentido.
Pra aprofundar:
• Luiz Antonio Simas e Felipe Paiva — O corpo encantado das ruas
• Documentário Tarja Branca (era de graça, acabei de ver que tem que pagar, mas vale)
• Projeto Trabalhe como quem Festeja meu e da Mayra Fonseca, já fizemos um workshop ao vivo e no ano passado teve uma série de posts conectando Festas Brasileiras com Trabalho. Veja aqui do Círio de Nazaré, Parintins, São João e Carnaval.
• O desaparecimento dos rituais - Byung-Chul Han
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